Páginas

Poema de Augusto dos Anjos 2

domingo, 20 de outubro de 2013.
Voltei, como prometido para o outro post sobre um dos animais mais lindos na minha opinião...
O Morcego!!!

Bom, vamos ao poema!!!


O morcego

Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!



Augusto dos Anjos

Bom, espero que tenham gostado do poema!! beijos
Leia Mais

Poema de Augusto dos Anjos


Olá gente, quanto tempo!!
Ando tendo alguns sentimentos e pensamentos meios solitários e um tanto quanto melancólicos de algo que nunca senti, ou melhor... algo que queria sentir e não sinto, por isso procurei sobre isso na internet e me veio esse poema de Augusto dos Anjos, que é um autor que me prende sempre que vejo ou leio algo dele...

Por isso, resolvi postar aqui para vocês dois dele, mas como são temas separados vou postá-los separadamente, assim este é o primeiro!

SOLITÁRIO
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!



Augusto dos Anjos

É isso, espero que gostem e vamos ao segundo no próximo post 
Beijos
Leia Mais