UM ANJO - .(outubro 1855)
Foste a rosa desfolhada Na urna da eternidade Pr’a sorrir mais animada, Mais bela, mais perfumada Lá na etérea imensidade.
Rasgaste o manto da vida, E anjo subiste ao céu Como a flor enlanguecida
Que o vento pô-la caída E pouco a pouco morreu!
Tu’alma foi um perfume Erguido ao sólio divino; Levada ao celeste cume C’os Anjos oraste ao Nume Nas harmonias dum hino.
Alheia ao mundo devasso, Passaste a vida sorrindo; Derribou-te, ó ave, um braço, Mas abrindo asas no espaço Ao céu voaste, anjo lindo.
Esse invólucro mundano Trocaste por outro véu; Deste negro pego insano Não sofreste o menor dano Que tu’alma era do Céu.
Foste a rosa desfolhada Na urna da eternidade Pr’a sorrir mais animada Mais bela, mais perfumada Lá na etérea imensidade.
(Machado de Assis)
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Foste a rosa desfolhada Na urna da eternidade Pr’a sorrir mais animada, Mais bela, mais perfumada Lá na etérea imensidade.
Rasgaste o manto da vida, E anjo subiste ao céu Como a flor enlanguecida
Que o vento pô-la caída E pouco a pouco morreu!
Tu’alma foi um perfume Erguido ao sólio divino; Levada ao celeste cume C’os Anjos oraste ao Nume Nas harmonias dum hino.
Alheia ao mundo devasso, Passaste a vida sorrindo; Derribou-te, ó ave, um braço, Mas abrindo asas no espaço Ao céu voaste, anjo lindo.
Esse invólucro mundano Trocaste por outro véu; Deste negro pego insano Não sofreste o menor dano Que tu’alma era do Céu.
Foste a rosa desfolhada Na urna da eternidade Pr’a sorrir mais animada Mais bela, mais perfumada Lá na etérea imensidade.
(Machado de Assis)